É tão grande e ao mesmo tempo tão pequeno, com locais e pessoas tão diferentes.
Cada vez mais, desconhecemos quem vive ao nosso lado, quem são os nossos vizinhos. Cada vez mais, as pessoas vivem sós. Embora digamos que vivemos em sociedade, a verdade é que cada vez menos ligamos a quem nos rodeia. Na realidade, já mal reparamos em quem se atravessa à nossa frente. E também, a cada dia que passa nos tornamos mais insignificantes para os outros.
Ainda me lembro de quando era pequena e ía brincar para a rua. Ainda me recordo dos meus companheiros de brincadeiras e das nossas aventuras. Hoje em dia, seja por receio de determinados perigos, as crianças quase não saem de casa. Moram em caixinhas de fósforos, muitas delas sem nunca ter sentido o prazer de ouvir a chuva a cair no telhado. Brincam com as playstations e afins. Brincam sozinhas. Não fazem amigos. Já não sabem o que é saltar à macaca ou jogar ao berlinde.
Não conhecem o cheiro da terra molhada, o prazer de andar descalços no quintal. Dos carrinhos de rolamentos, em que o motor eram as descidas lá da rua e os travões as únicas sapatinhas, que já não eram novas e ainda tinham que durar.
Pergunto eu: que recordações terão eles o futuro acerca da sua infância?
Neste nosso mundo...
Neste nosso mundo...
Somos estranhos para os outros. Os outros são estranhos para nós. Até já reagimos à defesa quando alguém se aproxima para por exemplo perguntar as horas. Estamos sempre a observar quem nos rodeia com medo de que nos façam mal...
E pior que sermos estranhos uns para os outros, muito pior que isso, é sermos estranhos para nós próprios. Deixamos de ser o que somos para sermos o que os outros esperam de nós. Todas as nossas atitudes são pensadas e "ensaiadas" para não sermos olhados de lado pelos outros. As palavras que proferimos são faladas de modo a dizermos o que os outros querem ouvir.
Este nosso mundo é assim...
Tento contrariar tudo isto. Eu tento e sei que outros também. Os meus filhos brincam na rua. Sabem o que é andar descalço no jardim. Brincam com terra, com o cão do vizinho...
Este post veio na sequência de duas situações que me levara a pensar, neste nosso mundo...
Uma das situações aconteceu quando uma criança, amiga da minha filha (7 anos), teve medo de andar descalça, na relva, porque podia haver formigas. Brincar nos chafariz da rega do jardim... nem pensar!! Molho-me toda e depois a relva fica colada aos meus pés. Não posso brincar no jardim, tenho medo!!!
Tenho a sorte, de poder criar os meus filhos numa aldeia, muito perto da cidade. Onde ainda se conhece o vizinho e onde é seguro deixar as crianças brincar e ser crianças. Existe a preocupação com o outro. Ao ponto de recentemente, um vizinho já idoso, por não ver o meu marido durante uns dias, veio bater á porta, preocupado com o facto que ele poderia estar doente. O horário por turnos tem destas coisas!!!
Outra situação, foi quando ainda ontem me disseram que estão espera, quando me fazem uma pergunta, que eu dê a resposta útil em vez de uma verdadeira. Ok, até posso admitir que em determinadas situações a resposta que, verdadeiramente, desejamos dar tenha que ser embelezada para ser socialmente aceite. Mas, face a factos reais e consumados, para quê dar uma resposta "útil", que ao fim ao cabo nada tem de verdadeiro e real????
Este nosso mundo é assim...
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Obrigado pela reflexão....