Todos somos vaidosos...essa é a realidade. Mas vaidade não tem a ver apenas com cuidados estéticos, vai muito além deste conceito, inclui o que desejamos destacar: beleza, a inteligência, a riqueza e até a gentileza. Numa crónica de Arthur da Távola, este afirma que todos tentamos destacar aquilo que já sabemos ser bons, quem é belo quer ser valorizado, reconhecido nisto, o mesmo com quem é inteligente, poderoso, rico, e por ai vai.
Após ler esta crónica, fiquei a pensar no que nos leva a isto, o porquê de procurarmos este reconhecimento do outro, esta aceitação pelo outro. Penso que talvez seja a necessidade de encontrar no outro o olhar que não tenho, aquilo que até sei que tenho ou sou, mas não me sinto confortável de verdade com isso. Sei que sou bela, mas sinto-me bela? Sei que sou inteligente, mas sinto-me inteligente? E da mesma forma é com o poder, a riqueza e tudo o resto.
A moda é um jogo de destacar e esconder: mostrar o belo e esconder o feio. É assim com roupas, acessórios... e por que não com a vida? Quando vem uma crítica destacamos uma outra característica que a compensa. Somos assim, ou sou eu que estou a falar sem razão? Acho que não…
E por que tentamos esconder parte de nós, por que não podemos aceitar aquilo que não é bom? Somos humanos, temos falhas, somos limitados e isto incomoda. Muito!!!... Mas, esconder estas coisas não as faz desaparecer. Continuam lá e quando nus – em casa, no silêncio, nas voltas e reviralvoltas da vida – elas aparecem...e aí incomodam.
Será que assumí-las, encará-las não nos possibilita tanto um conhecimento maior de nós mesmos, como uma aceitação maior e até uma liberdade?
É uma resposta pessoal. No entanto, ao valorizar apenas um aspecto do nosso ser, quantos outros ficam de lado? Aspectos estes que podem melhorar, desenvolver. E mesmo que não mudem, são parte de nós, não merecem no mínimo ser aceites?
São muitas questões...cabe a cada um de nós refletir sobre elas e responder da forma mais correcta.
"Agradar a si mesmo é orgulho; aos demais, vaidade".
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