Sei que dia 26 foi dia dos avós, mas nesse dia não tive oportunidade de escrever e não podia deixar de falar sobre essas pessoas que tanta influência tiveram na minha vida.
Infelizmente, já não tenho avós paternos, mas o tempo que convivi com eles deixou recordações, cheiros, sabores, carinhos e gestos dos quais tenho uma imensa saudade. Da minha avó Zé lembro-me dela ao fogão, cozinhava divinalmente, o arroz doce...ai!!!, o arroz doce que ela fazia, só o cheirinho dava água na boca e os "picolés" que ela tinha sempre no congelador, nunca mais comi iguais... e a fazer renda, ninguém a batia, até a dormir o dedo não parava, eu era capaz de passar horas sentada no braço do sofá, a admirar aquela capacidade. Às vezes, quando olho para a minha filha parece que estou a olhar para a minha avó, são pequenos gestos, a maneira de olhar, dá cá uma saudade. O avô Fernando, o meu avô, dos quatro sempre foi o meu preferido, vá se lá saber porquê, ele até era um pouco rezingão, mas eu adorava vê-lo na máquina de costura. Era alfaiate e eu era muito pequena, mas lembro-me como se fosse hoje... a fita métrica pendurada ao pescoço, o lápis na orelha. Andava sempre de bicicleta e camisola de alças, tem graça que por mais que tente não consigo lembrar-me dele vestido de outra forma. Nos momentos mais complicados da minha vida, é deste avô que me lembro sempre e que espero que esteja por aí a tomar conta de nós...
Os meus avós maternos ainda são vivos, velhinhos, mas apesar de tudo muito independentes. Na minha infância, as férias grandes eram passadas na casa destes avós e eram dias de alegria para nós, já que se juntavam todos os netos, mas uma grande dor de cabeça para eles. A minha avó Lúcia, mulher do campo, tinha sempre o par de galochas para cada um dos netinhos, na esperança de conseguir ajuda na lavoura. A coisa nunca lhe corria muito bem, pois crianças como eramos, só queríamos brincar, ajudar pouco, estorvar muito e ela acabava por desistir...mas, as galochas lá apareciam de ano para ano. Fazia-me sempre a gemadinha antes de dormir e sopa de espinafres como ninguém. O meu avô Joaquim, de poucas falas, a mão tanto dava um safanão a quem se portasse mal, como também a passava pela cabeça naquele gesto cúmplice, que muitas vezes só nós sabíamos o significado. Homem forte, chegava a carregar aos 4/5 netos no carrinho de mão, às vezes todos encavalitados, mas lá íamos, era uma risada...Agora estão velhinhos, com as maleitas próprias da idade, surdos e torna-se às vezes difícil falar com eles, mas gosto muito deles e tenho pena de não poder estar mais perto...
Os meus filhos têm todos os quatro e posso dizer-vos que, cada um à sua maneira, mais participantes ou menos, já que a vida de cada um nem sempre permite, fazem mesmo toda a diferença na formação do carácter deles. Já para não falar da felicidade que acrescentam aos seus dias. Um dia muito feliz para todos os Avós. Porque eles merecem mesmo...
Sem comentários:
Enviar um comentário
Obrigado pela reflexão....