domingo, 28 de julho de 2013

Os avós...

Sei que dia 26 foi dia dos avós, mas nesse dia não tive oportunidade de escrever e não podia deixar de falar sobre essas pessoas que tanta influência tiveram na minha vida.
Infelizmente, já não tenho avós paternos, mas o tempo que convivi com eles deixou recordações, cheiros, sabores, carinhos e gestos dos quais tenho uma imensa saudade. Da minha avó Zé lembro-me dela ao fogão, cozinhava divinalmente, o arroz doce...ai!!!, o arroz doce que ela fazia, só o cheirinho dava água na boca e os "picolés" que ela tinha sempre no congelador, nunca mais comi iguais... e a fazer renda, ninguém a batia, até a dormir o dedo não parava, eu era capaz de passar horas sentada no braço do sofá, a admirar aquela capacidade. Às vezes, quando olho para a minha filha parece que estou a olhar para a minha avó, são pequenos gestos, a maneira de olhar, dá cá uma saudade. O avô Fernando, o meu avô, dos quatro sempre foi o meu preferido, vá se lá saber porquê, ele até era um pouco rezingão, mas eu adorava vê-lo na máquina de costura. Era alfaiate e eu era muito pequena, mas lembro-me como se fosse hoje... a fita métrica pendurada ao pescoço, o lápis na orelha. Andava sempre de bicicleta e camisola de alças, tem graça que por mais que tente não consigo lembrar-me dele vestido de outra forma. Nos momentos mais complicados da minha vida, é deste avô que me lembro sempre e que espero que esteja por aí a tomar conta de nós...
Os meus avós maternos ainda são vivos, velhinhos, mas apesar de tudo muito independentes. Na minha infância, as férias grandes eram passadas na casa destes avós e eram dias de alegria para nós, já que se juntavam todos os netos, mas uma grande dor de cabeça para eles. A minha avó Lúcia, mulher do campo, tinha sempre o par de galochas para cada um dos netinhos, na esperança de conseguir ajuda na lavoura. A coisa nunca lhe corria muito bem, pois crianças como eramos, só queríamos brincar, ajudar pouco, estorvar muito e ela acabava por desistir...mas, as galochas lá apareciam de ano para ano. Fazia-me sempre a gemadinha antes de dormir e sopa de espinafres como ninguém. O meu avô Joaquim, de poucas falas, a mão tanto dava um safanão a quem se portasse mal, como também a passava pela cabeça naquele gesto cúmplice, que muitas vezes só nós sabíamos o significado. Homem forte, chegava a carregar aos 4/5 netos no carrinho de mão, às vezes todos encavalitados, mas lá íamos, era uma risada...Agora estão velhinhos, com as maleitas próprias da idade, surdos e torna-se às vezes difícil falar com eles, mas gosto muito deles e tenho pena de não poder estar mais perto...
Os meus filhos têm todos os quatro e posso dizer-vos que, cada um à sua maneira, mais participantes ou menos, já que a vida de cada um nem sempre permite, fazem mesmo toda a diferença na formação do carácter deles. Já para não falar da felicidade que acrescentam aos seus dias. Um dia muito feliz para todos os Avós. Porque eles merecem mesmo...

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