sexta-feira, 10 de junho de 2016

Tudo o que eu quero, agora, é fugir daqui...

Antes eu costumava perguntar à minha mãe: “mãe, porque as pessoas são assim?” Ela quase sempre me respondia que, quando eu crescesse, talvez eu entenderia. Eu cresci. E a verdade é que ainda não entendo. Porquê as pessoas são assim? Ninguém sabe responder. Todos se calam, silenciam, viram o rosto, passam reto, desconversam o assunto, fogem.
As pessoas não entendem porque elas mesmas são assim e isso é o mais engraçado – irônico, melhor dizendo – de tudo. Quanta hipocrisia carrega esses olhares famintos de atenção, desprezo e arrogância. Uma criança não sabe mais ser criança porque os adultos não permitem, não as permitem, não se permitem. Os idosos parecem enxergar a criação deles mesmos como monstros sem piedade, compaixão e respeito. Veja só o que criastes, vó. Observe a continuação do que começastes, vô. E eu ainda me encontro em plena adolescência bombardeada com tantas informações, regras, escolhas, desafios, conquistas e tudo mais. Eu ainda não terminei de crescer e, talvez, quem sabe, seja por isso que eu não entenda. Mas você faz parte deles e não entende também. Qual o motivo das suas atitudes? E qual a razão nas suas razões? Os seus conceitos são dignos de serem mantidos? O seu caráter tem algum valor? Um eterno silêncio toma conta da sala, do ambiente, da cidade, do resto do universo e de todas as galáxias. Os seres humanos são capazes de entender o comportamento de uma célula microscopia e de descobrir a cura pra uma doença incurável, mas não são capazes de responderem quem realmente são. E o pior: nenhum, dentre todos eles, se importam em saber a resposta. O mundo deixou de ser mundo há tempos e ninguém se deu conta disso. A nossa raça – sim, nossa, pois também faço parte de toda essa podridão de gente – esqueceu o companheirismo, a honestidade e os valores no meio do caminho. As máquinas evoluíram e o nosso cérebro retrocedeu. Vivemos em meio as mais diversas formas de tecnologia, mas agimos como meros homens das cavernas. Matamos uns aos outros sem piedade, passamos por cima dos restos de cada um sem misericórdia, destruímos o pouco que nos resta sem nenhum limite. Desaprendemos a sorrir por sorrir, brincar por brincar, fazer alguém feliz porque é bom ver a felicidade no canto dos lábios de outra pessoa. Nossos olhos passaram a ter apenas uma direção: o nosso próprio umbigo. A luta incessível por dinheiro, dinheiro e dinheiro ainda será o nosso próprio fim. Dinheiro nenhum deveria ser capaz de mudar o que cada um carrega no peito, mas muitos de vocês permitem que ele mude. Porquê as pessoas são assim? Hey, mãe! Eu não quero mais entender. Tudo o que eu quero, agora, é fugir daqui.“ [Capitule]

3 comentários:

  1. Olá querida Sissi, que a sexta esteja bela para um fim de semana abençoado e maravilhoso para voces.
    Tudo se passa quando deixamos morrer esta criança no peito, ela faz toda diferença na nossa longa jornada pela vida e assim e somente assim vamos querer ficar e brilhar.

    Um abraço com carinho.
    Bjs amiga.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Olá querido amigo.
      Tenho passado pouco tempo por aqui, muito trabalho :(
      muitos beijinhos

      Eliminar
  2. Olá, Sissi.
    Bom texto de reflexão sobre tema de tão difícil compreensão - até parece uma rima, mas não tem poesia este jeito do ser humano que deixa-se transformar numa máquina de interesses. E, o corre-corre da vida, a competição necessária a nível professional, porque somos muitos e os acessos poucos, aumenta essa rivalidade, esse egoísmo e torna-nos seres estranhos.
    É preciso uma força muito grande para resistir na selva, e não perder a essência.
    bj amg

    ResponderEliminar

Obrigado pela reflexão....

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...